Em janeiro, apesar da vontade de recomeçar, reorganizar a vida nas áreas da saúde e das finanças para projetar um futuro melhor, chegam aquelas tradicionais contas de início de ano, como: IPVA, IPTU, matrícula e material escolar, bem como somos bombardeados por liquidações tentadoras nas lojas da cidade, despertando nossos impulsos consumistas.
Diante do desafiador mês de janeiro, alguns cuidados em termos de educação financeira são importantes para evitar endividamento e frustrar os projetos. “Um primeiro princípio a ser observado é o da austeridade. Respeite o seu orçamento e não gaste mais do a sua renda é capaz pagar. Assim, você evitará a inadimplência, logo no início do ano, que poderá vir a ser tornar uma bola de neve comprometendo toda a sua saúde financeira em 2022”, alerta Roberto Maia, economista e professor da Faculdade Uninta de Fortaleza.
É preciso atentar ainda para o fato de que o ano de 2022 iniciou de forma particularmente preocupante. A inflação, indicada pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado – IPCA, atingiu a casa dos dois dígitos, fechando 2021 na marca dos 10,06%. É o maior índice em seis anos, tendo o grupo Transportes (21,03%), Habitação (13,05%), Alimentação e Bebidas (7,94%) respondido por cerca de 79% do resultado do índice.
Em Fortaleza esse número ainda foi maior, chegando a 10,63% e conquistando o sétimo lugar entre as capitais do país. Esse indicador tem uma relação direta com o preço dos itens que compõem a cesta básica, importante indicador do custo de vida de todos os brasileiros, sobretudo daqueles que ganham até cinco salários-mínimos. A cidade de Fortaleza foi a décima capital com maior alta da Cesta Básica em um ano, chagando a uma variação de 8,24%, segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE.
Para fins de planejamento financeiro em 2022 é importante considerar que salário-mínimo reajustado em 10,18% de R$ 1.100,00 para R$ 1.212,00, significou muito mais uma recomposição salarial, para compensar a perda de poder compra decorrente da inflação acumulada em 2021. Em muitas capitais brasileiras, para o trabalhador e trabalhadora que recebe um salário-mínimo, essa receita sequer será suficiente para comprar duas cestas básicas por mês.
Esses são importantes indicadores a serem considerados quando queremos pensar o controle das nossas finanças, pois o cenário em 2022 indica redução do poder de compra dos consumidores, o que traduz elevação do custo de vida, exigindo maior cautela com os gastos a serem feitos com bens e serviços de um modo geral. Segundo especialistas, um primeiro passo a ser dado é fazer o diagnóstico de sua atual situação financeira, considerando as suas fontes de renda e a relação de todos os itens com os quais você gasta o seu dinheiro. Dessa forma, será possível visualizar e classificar os gastos, que poderão ser controlados ou até cortados, bem como estabelecer metas realistas.
A quitação de dívidas antigas ou o não endividamento, logo nesse início de ano é um importante meta a ser considerada. Todo cuidado é pouco com as armadilhas do mercado, como as tentadoras liquidações de início de ano, sobretudo para quem não poupou o seu décimo terceiro salário. Respeitar as restrições orçamentárias é fundamental.
“Sem um diagnóstico preciso da sua situação financeira, você não saberá exatamente o quanto, como, ou mesmo se poderá arcar mensalmente com gastos extras. A educação financeira exige planejamento mensal, disciplina e consistência. Isso significa estabelecer metas realistas de curto, médio e longo prazo, que se encaixem no seu orçamento, tendo em vista evitar frustrações e prejuízos, que leve você a ‘chutar o balde’ do planejamento. Mantenha a sobriedade nos períodos de maior impulso para o gasto, como o final e o início de ano. Os estímulos e as “facilidades” oferecidos pelo comércio nesses períodos poderão desestabilizar a sua vida financeira se não forem bem analisados”, declara Roberto Maia.
Para aqueles que já conquistaram o equilíbrio entre receitas e despesas e possuem alguma capacidade de poupar, a sugestão de Roberto Maia é iniciar a formação de uma reserva de emergência para enfrentar aqueles gastos imprevistos e começar a estudar e buscar consultorias com especialistas da área de finanças, que estejam habilitados a lhe orientar sobre as melhores e mais seguras formas de aplicação do seu suado dinheiro. “Evite a poupança, ela não é mais uma opção a ser considerada, visto que os seus rendimentos são menores que a inflação, daí o seu dinheiro acabará defasado em termos de poder de compra pelas perdas inflacionárias acumuladas ano a ano”, complementa.
Um bom começo é pensar em pequenas e diversificadas aplicações financeiras. Nesse primeiro momento, evite assumir riscos elevados e vise mais títulos públicos como o Tesouro Direito, pois se trata de uma aplicação relativamente segura, fácil de entender e operar, pois são títulos garantidos pelo governo e com retorno certo. Por fim, outra opção é a modalidade de aplicação em renda fixa proporcionada por muitas instituições financeiras de respaldo, que constituem boas alternativas para os marinheiros de primeira viagem no mundo do mercado financeiro.
DADOS:
Inflação – IBGE
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-01/ibge-inflacao-medida-pelo-ipca-fecha-2021-com-alta-de-1006
Cesta Básica – Dieese
https://www.dieese.org.br/analisecestabasica/analiseCestaBasica202112.html